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Ponteserradense constrói casa para morador de rua e o ajuda a se livrar do álcool

Leocir Altair Sima, conhecido como Ratinho, tomava cerca de um litro de cachaça pura por dia e não tinha onde morar

17/11/2020 às 18:42

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Quando José Alberton (Zé) foi abordado na rua por Leocir Altair Sima (Ratinho), no dia 22 de agosto de 2018, em Ponte Serrada, não imaginava que pouco mais de dois anos depois estaria contando uma história de solidariedade e superação. Morador de rua, alcóolatra e desamparado, Ratinho pediu ao “conhecido de mocidade”, como classifica Zé ao falar da relação com o amigo, um cantinho para viver.

“Nós se criamos junto, conheço ele desde o tempo de mocidade, lembro que ele uma vez trabalhou com o meu pai”, recorda Zé ao detalhar a história em entrevista ao Oeste Mais. Aquele 22 de agosto de 2018 foi um marco na vida de Ratinho, que passou a ter onde dormir, comida decente e deixou o vício do álcool. Na última semana ele também ganhou uma nova casa. “Me sinto muito feliz”, resume o ex-morador de rua, que também falou com o Oeste Mais.

Depois de ouvir o pedido do amigo, Zé arrumou uma casinha provisória na propriedade onde mora, no Rio do Mato, comunidade no interior de Ponte Serrada. Ele lembra que na época o amigo sequer tinha dinheiro para comer. Com o apoio da mulher e da filha, foi providenciando as acomodações, comprando alimento e fazendo aos poucos o homem se afastar do álcool. “Ele insistia em tomar, mas a gente aconselhava para não beber. Foi um milagre”, considera o ponteserradense.

Ratinho, como é popularmente conhecido em Ponte Serrada, vivia há anos perambulando pelas ruas da cidade. Na companhia de outros andarilhos, sobrevivia de esmolas na maior parte do tempo. Às vezes encontrava algum trabalho, mas, como ele mesmo conta, “gastava tudo em cachaça”. Aos 55 anos, desfruta uma nova vida, mas guarda no passado anos bem difíceis.

Sem pai e irmãos desde cedo

Órfão de mãe ainda quando criança, Ratinho lembra que morava com o pai e um irmão em uma casa no Bairro Cascatinha. Com 12 para 13 anos, saiu e foi para Xanxerê cuidar do sítio de uma tia, mas voltou pouco tempo depois, cerca de dois meses, descobrindo que o pai e o irmão haviam falecido. Ratinho ficou com a casa, mas logo a vendeu, dando fim ao dinheiro em pouco tempo.

Na época, já consumia bebia alcóolica com frequência. Ele revela ter começado a beber quando ainda tinha oito anos de idade. Nos últimos tempos estava tomando cerca de um litro de cachaça pura por dia. “Se tivesse em mais gente, tomava mais. Sempre nós tinha a catrefinha junto", recorda. "Eu ficava na rua, achava um lugarzinho pra dormir, sempre um ou outro me dava um prato de comida”, complementa.

Casa nova, vida nova

Quando pediu a ajuda do amigo Zé, Ratinho não imaginava que dois anos depois estaria numa situação bem diferente. Com a persistência do colega, deixou de beber, ainda fuma, mas muito menos. Os sete pacotes de fumo que consumia por semana estão reduzidos a três. “Estou incentivando ele, que tá entrando em concordância em diminuir mais ainda”, relata Zé. Sobre a bebida, Ratinho quer distância. “Não quero mais saber, chega de sofrer, já sofri demais. Não sinto mais vontade, mais nada”, garante.

A casa que ganhou para morar tem 27 metros quadrados. Toda a estrutura é de alvenaria. Sala e cozinha conjugadas, um quarto e um banheiro formam o ambiente onde o ex-morador de rua vive atualmente, livre do álcool. O imóvel também tem a mobília necessária para Ratinho. “Eu fiquei muito feliz”, comemora.

“Fiz tudo isso pelo sentimento que eu tive por ele. Sempre conheci ele, é um ser humano, tudo o que sentimos, ele sente também”, comenta Zé, destacando ainda a confiança que tem no amigo. “Quando eu saio, ele diz: fique tranquilo que eu vou dar uma olhada na tua casa. Mas ele não tem compromisso, é uma pessoa livre, levanta e dorme a hora que quer”.

Ratinho recebe atualmente um benefício do governo federal, com o salário mínimo, compra alimentos, roupas e outros itens para passar o mês. Na casa, não paga aluguel, luz e água. “Do salário dele, ele faz o que bem entende, menos álcool. Ele usa o salário dele para o sustento dele”, afirma Zé.

“Me sinto muito feliz na propriedade do Zé, muito bem. Não tenho bobeira na cabeça, estou bem tranquilo, bem descansado, muito feliz”, completa Ratinho, agradecendo o amigo pelo acolhimento. “Que Deus dê força pra ele continuar trabalhando. Ganhei vida nova”.

 

 

Fonte: OesteMais
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