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Adelcio Machado dos Santos

EDUCAÇÃO INFANTIL – III

09/08/2012

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Ao se discutir a questão da educação infantil, dificilmente pensa-se no tempo presente, mas, ao contrário, a discussão volta-se sempre para o tempo futuro. De acordo com Meira (2002), imagina-se, por via de regra, que o fim último da educação é o futuro. E, destarte, em favor do tempo futuro e incerto, compromete-se a felicidade atual.

Entretanto, Meira (2002), defende que, como o desenvolvimento não finda com a fase adulta, deve-se entender que a essência e a preocupação da educação precisam estar voltadas para o momento que está sendo vivenciado. Partindo, então, da premissa de que a educação é um processo diário e durável, acredita o autor, que não se deve atribuir uma preocupação tão representativa com o futuro.

Sob esta visão, a educação infantil não pode ser entendida tão somente como sinônimo de preparação profissional ou garantia de um futuro promissor, que seja rentável e assegure a sobrevivência de um determinado indivíduo (MEIRA, 2002).

Ao contrário, a educação infantil, deve, primeiramente, propiciar a formação plena do ser humano pois, antes de ser médico ou professor, a criança é, certamente um indivíduo. Enquanto se permanecer com uma visão míope sobre as reais responsabilidades e possibilidades da educação infantil, continuar-se-á enxergando sempre a posição social e nunca o indivíduo em sua essência de ser homem.

A criança é um ser humano que possui todas a suas potencialidades vivas, presentes; basta apenas que se permita o seu desenvolvimento natural.

Entretanto, à medida que cresce, configuram-se inúmeras situações que a impelem a deixar de ser espontânea, necessitando se “adaptar” ao meio. Desta forma, neste caminhar, muitas características naturais vão sendo esquecidas.

É possível perceber que esse processo se agrava mais quando, por meio dos inúmeros castigos que muitas vezes são impostos à criança, ela começa a ter medo de agir, de mostrar o que realmente está sentindo. As barreiras vão sendo construídas no dia-a-dia e a criança vai aprendendo o que pode e o que não pode fazer.

A criança é um ser que guarda em si um espírito crítico e aguçado. Deste modo, o elemento primordial, segundo Meira (2002), no processo de educação infantil, não é a ascensão social, mas o ato de desvencilhar o homem de suas amarras, de sua “cegueira”.

Deve-se, destarte, aprender a observar a realidade em sua essência, pois somente com isto estar-se-á respeitando não a profissão, mas a éssoa que a exerce.


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


De acordo com Rocha (1999), acompanhando a trajetória da pedagogia, os estudos que se propuseram a tomar a criança como objeto, sofreram uma grande mudança de foco de suas atenções com o advento da universalização da escola e das demandas práticas daí decorrentes. A criança passou a ser aluno, e o foco das preocupações do ensino e da aprendizagem, tendo em vista especialmente a aquisição dos conhecimentos já produzidos, num momento em que ainda não se pôs em pauta a aprendizagem como um processo construtivo.

A possibilidade de uma pedagogia direcionada especificamente para a educação infantil requer, em primeiro lugar, destacar que a creche, a pré-escola diferenciam-se essencialmente da escola quanto às funções que assumem num contexto ocidental contemporâneo.

Assim, enquanto a escola se coloca como o espaço privilegiado para o domínio dos conhecimentos básicos, as instituições de educação infantil se põe, sobretudo, com fins de complementaridade à educação da família.

Portanto, enquanto a escola tem como sujeito o aluno, e como o objeto fundamental o ensino nas diferentes áreas, por meio da aula, a creche e a pré-escola têm como objeto as relações educativas travadas num espaço de convívio coletivo que apresenta como sujeito a criança de zero a seis anos de idade.

A partir desta consideração, é possível estabelecer um marco diferenciador destas instituições educativas: escola, creche e pré-escola, com base em sua função social que lhe é atribuída no contexto social, sem estabelecer necessariamente com isto uma diferenciação hierárquica ou qualitativa.

Uma pedagogia da educação infantil deve ter como objeto de preocupação a própria criança: seus processos de constituição como seres humanos em diferentes contextos sociais, sua cultura, suas capacidades intelectuais, criativas, estéticas, expressivas e emocionais, buscando desenvolvê-las (ROCHA, 1999).

A dimensão que os conhecimentos assumem na educação das crianças pequenas, coloca-se numa relação extremamente vinculada aos processos gerais de constituição da criança: a expressão, o afeto, a sexualidade, a socialização, o brincar, a linguagem, o movimento, a fantasia, o imaginário, etc.

Portanto, o conhecimento didático que resulta de uma ação pedagógica escolar geral e do processo ensino-aprendizagem em particular, não é objetivo final da educação da criança pequena, mas apenas parte e conseqüência das relações que a criança estabelece com o meio natural e social, pelas relações sociais múltiplas entre as crianças e destas com diferentes adultos.

Destarte, conforme Machado (1994), ao discurso que vincula o cuidar da criança com sua educação, acrescenta-se a premência em definir a prioridade e o enfoque que devem ser dados às dimensões desenvolvimento/aprendizagem/ensino, à forma como estas dimensões articulam-se com uma concepção de conhecimento e ação de conhecer, determinantes na formulação de uma abordagem educativa que se concretize em projetos educacionais-pedagógicos.

É certo que, a partir do momento em que nasce, a criança passa a interagir de diferentes modos no ambiente físico e social que o cerca. No entanto, seu ingresso em uma instituição de educação infantil o fará experimentar, de forma sistemática, situações de interação que divergem das que vive com sua família.

Ao separar-se de seus pais, para interagir com outros adultos e compartilhar o mesmo espaço com outras crianças, passa a conviver com ritmos nem sempre compatíveis com o seu e participar de um universo de objetos, ações e relações cujo significado lhe é desconhecido. Segundo Meira (2002), uma pedagogia efetiva, voltada para a educação infantil, deve impedir que a natureza da criança seja comprometida, respeitando sempre o tempo necessário ao seu desenvolvimento. Uma educação baseada em preceitos não adequados à sua realidade acaba por eliminar a grande quantidade de talentos que a criança possui.

Cabe ressaltar que a trajetória da educação infantil em pesquisas relacionadas à pedagogia, que reconhecem o conhecimento científico sobre a pequena infância e sua educação, vem ganhando destaque apenas nos últimos trinta anos.

Neste sentido, Rocha (1999), afirma que se vem identificando uma grande riqueza e diversidade de pesquisa nesta área, reforçada pelas trocas internacionais e redes de pesquisa em plena expansão, que resulta, no plano internacional, num reconhecimento das necessidades educativas da primeira infância e da necessidade de um alcance de qualidade para todos.


 

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