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Márcio Roberto Goes

Solidão e literatura

13/11/2013

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Conheço muita gente que declara ter medo de ficar sozinho. Justificam que não conseguem ver um futuro solitário, precisam de alguém que os faça companhia e os ampare na velhice... Não deixa de ter fundamento, mas me parece uma ânsia meio egoísta, pois o desejo é de alguém só para suprir a necessidade de não ficar só, ou seja, resolver o problema do medo da falta de alguém para amparar na velhice, ou mesmo antes disso: alguém que fique sempre ao lado, ouvindo e vendo todas as atitudes que, de maneira nenhuma devem ser contrariadas, ou contestadas, do contrário, não será uma boa companhia...

Infelizmente, o ser humano é egoísta por essência, chegando ao paradoxo de querer repartir a própria vida com outrem, só para obter algum benefício com isso, indo na contramão da generosidade e cumplicidade que exigem a vida a dois. Muitos casais se separam pelo simples fato de já começarem errados... A maioria quando perguntados por que querem casar respondem: “Para ser feliz...” Não existe maior prova de egoísmo que esta, pois o cônjuge só vai servir de objeto de felicidade, quando na verdade, o objetivo deveria ser fazer a outra pessoa feliz e assim, um lutar pela felicidade do outro...

Mas, infelizmente, na maioria das vezes, não se busca a felicidade da pessoa que está ao lado e, quando assim se declara é justificado na retribuição do amor... A partir do momento em que a generosidade não é correspondida, mesmo que de forma fugaz, o amor fica ameaçado, ou até acaba... O amor só dói porque algumas pessoas e atitudes o tornam egoísta a ponto de quererem ser servidos por ele... Amor é doação, não é um negócio capitalista que procura levar vantagem em tudo a qualquer preço...

Na contramão disso tudo estão os escritores que revelam, através das palavras, a importância da generosidade entre os seres. Outro paradoxo acontece quando se percebe que, para declarar estas coisas bonitas, usam da escrita que é um ato extremamente solitário... Portanto, a solidão é fiel companheira daqueles que escolhem amar as palavras e com elas escrever, cantar, encantar e desencantar, generosamente, para que outras pessoas vivam plenamente a vida a dois, ou em comunidade...

Parece estranho, mas a literatura, construída solitariamente, busca a generosidade, já que as palavras do escritor, a partir do momento que são publicadas, não o pertencem mais enquanto ideias... As palavras continuam sendo sua propriedade através dos direitos autorais, mas aquilo que elas farão na mente e na vida dos leitores, transcende à escrita... Palavras podem transformar uma vida, indignar, alegrar, entristecer... Isso, nem mesmo o escritor solitário saberá... Também não sei... Só sei escrever as coisas da mente e do coração: Interpretação a gosto do consumidor...

 

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