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Márcio Roberto Goes

Olhar de gratidão

22/11/2013

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“Você vai ter que usar óculos...” Há dezessete anos, eu recebia esta notícia com um pouco de receio, já que a partir daquele momento, eu teria mais um apetrecho em meu corpo que deveria me acompanhar durante todo o tempo que eu estivesse acordado a fim de me permitir corrigir uma deficiência visual hereditária, percebida por mim com vinte e três anos de atraso...

Diagnóstico feito por Seiko Aguni, mudou completa e literalmente meu jeito de ver o mundo... Meus pais usavam óculos, todos os meus irmãos usam óculos. Naturalmente, o irmão mais novo também deveria usar lentes corretivas. A ideia me parecia meio traumatizante, já que minha memória de infância guardava a imagem de minha mãe tendo que proteger orelhas e nariz com algodão para não machucar, logo que ela começou a usar óculos... Será que comigo seria assim também? Será que eu ia, a exemplo de minha progenitora, demorar a me adaptar com este objeto a frente do nariz?

Meus óculos ficaram prontos, fui buscá-los e já voltei com eles, prestando atenção ao mundo novo e incrivelmente nítido que a mim se revelava... Cada detalhe me encantava, me fazia perceber como eu enxergava mal antes do diagnóstico e como Deus foi maravilhoso ao dar inteligência aos seres humanos que os permitiu criar uma forma de corrigir a visão de seus semelhantes... Ao contrário de minha mãe, parecia que eu já tinha nascido de óculos. O único detalhe desconfortável é que, por alguns dias, quando eu fechava os olhos, continuava enxergando o contorno da armação...

Os anos passaram, minha deficiência avançou, o grau aumentou vagarosamente, por vezes se manteve estável. Meus olhos castanhos passaram a ser examinados e cuidados por seu filho, Jonathan, mas sempre tive a companhia deste que me faz ser diferente de muita gente: os óculos. E são eles que reforçam meu charme, afinal aprendi usá-los a meu favor e muito me deixa feliz o fato de saber que posso variar periodicamente meu olhar...

Como eu, sei que milhares de pessoas de Caçador e região passaram pelas mãos e olhos hábeis do Dr. Seiko, este japonês que escolheu nossa cidade para trabalhar e construir uma vida voltada à qualidade dos olhares de seus semelhantes... Este jovem de setenta e um anos acaba de cumprir sua missão terrena. Agora a família Aguni continua seu trabalho, levando qualidade de visão ao povo...

Obrigado Seiko, por vir do outro lado do planeta para ajudar-nos a ver melhor o colorido da vida. Seu trabalho está completo... E nós, com ou sem óculos, vamos esperando pelo nosso chamado: momento em que perceberemos que nossa missão também estará concluída...

 

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